

Com tantas obras cinematográficas, tantos temas já batidos, toda vez que se vê um título como este, acredita-se que já se viu de tudo. Mas não é sempre assim. O filme ‘O vencedor’ (The fighter, de David O. Russell, 2010) é de surpreender qualquer baixa expectativa que leve a pensar “é um filme de um fortão que luta, luta e quer ganhar a competição de sua vida”. Sim, em o ‘Vencedor’, mais um concorrente ao Oscar 2011, a ideia é semelhante sim, mas com significados diferentes – o tipo de luta que o atleta enfrenta.
Na tela, um cara de talento, porém muito passivo dentro da sua família, não consegue dizer não a eles para seguir suas escolhas, atrasando seu potencial e suas possibilidades de futuro. A família, de (muitos) membros intrometidos, problemáticos, é vinda de uma trajetória de frustração ou simplesmente da situação ‘vivendo-no-sofá-esperando-o-sucesso-chegar-à-porta”.
Este é um drama filmado de forma muito simples, mas envolvente, que faz qualquer telespectador ficar, no mínimo, revoltado e indignado com a situação enfrentada pelo lutador Micky Ward (feito por Mark Wahlberg, do tosco ‘Boogie Nights’ e do bem falado ‘Os infiltrados’). Micky cresceu vendo o irmão mais velho lutando em diversos ringues, tomando-o como exemplo. O problema é que este irmão, apesar de parecer o contrário, nunca, de fato, contribuiu para que sua carreira desse certo. Na verdade esse irmão nunca chegou ao auge na luta, por ter se rendido às drogas e assim projetar toda a falta de sucesso no irmão menor, tentando assim, se reerguer às custas dele. E não só o mais velho, mas toda a família cai em cima do protagonista.
A situação chega a um ponto máximo e desolador para Micky. E todos que assistem sentem-se atados assim como o lutador. Mas boas histórias de fracassos contam com pessoas que sempre aparecem no caminho, mostrando que era preciso e possível reagir. É quando ele encontra-se no ringue novamente, porém lutando sua própria luta.
Sequências de embates muito emocionantes, sem ser apelativas ou violentas – até são capazes de arrancar lagrimas. É o retorno por cima, incrível. Não é só a luta, não somente brutalidade: é a superação na vida, seja lutador ou garçonete de bar. E mais – a superação de um fracasso (descobre-se) que não era seu, mas de outro. Algo muito parecido ao efeito “mãe fracassada que pressiona o sucesso da filha” visto no ‘Cisne Negro’.
É dica válida, inclusive, porque não, para estar entre os favoritos. É absorvível em sua simplicidade. É linear e correto e cumpre a mensagem que se dispõe a passar.
