segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Vai vencer!

Essa é a última postagem deste ano, 2007. Como no início me propus a colocar algo aqui ao menos uma vez por semana (o que foi dificultado por conta do encerramento da faculdade).
Mas tá valendo!

Pois bem, é hora de contabilizar o que ganhamos de bom e o que veio de mal.
É hora de planejar o que levaremos ao novo ano e o que deixaremos para trás, guardando somente o que da experiência negativa foi aprendido.

Para mim foi sim, um ano produtivo. Sente-se, apesar da sempre falta de trabalho e dinheiro, que as pessoas estão mais adaptadas ou pelo menos mais positivas. É sabido por todos que dinheiro sempre faltará, ou nunca virá na quantidade que todos gostariam. Mas o espírito de “vai melhorar” é mais presente entre os brasileiros.

Esta é apenas uma intenção de mensagem de fim de ano. Mensagem de que tudo seja bom e legal, como se quer, como espera. Desejos de sucesso e de desejos alcançados.
Para todos que aqui adentram vez e outra, para aqueles que aqui deixam experiências, palavras, para aqueles que querem um mundo de bem:


FELIZ ANO NOVO!

Mas feliz ano novo, de verdade! Sem aquelas palavras decoradas, ou ditas sem pensar. Que possamos cada vez mais olhar nos olhos das pessoas e trocar sinceridade, amor, bons desejos, amizade, vida e uma imensidão de bons sentimentos ESSENCIAIS para que a vida seja válida de ser vivida e propagada!

E que venha um 2008 daqueles, com as pessoas cada vez mais preparadas para “enfrentá-lo” e gozá-lo como se deve.
Aqui vai uma música muito linda de Gilberto Gil, na voz de Elis Regina, “Ensaio geral”, nesta versão, gravada em estúdio em 1966. Fala da expectativa do carnaval da época das marchinhas o desejo de ver seu bloco vencer.
Quanto a voz de Elis, há uma entonação alegre, quando tinha seus 18, 19 anos...
O sorriso aberto dela, presente em cada frase. A letra perfeita, que fala de um desejo de alcançar o sucesso. É uma mensagem muito forte. Ela é tão simples e tão positiva que despensa apresentações, explicações ou algo no sentido de entender o sentido.




O Rancho do Novo Dia
O Cordão da Liberdade
E o Bloco da Mocidade
Vão sair no carnaval
É preciso ir à rua
Esperar pela passagem
É preciso ter coragem
E aplaudir o pessoal

O Rancho do Novo Dia
Vem com mais de mil pastoras
Todas elas detentoras
De um sorriso sem igual
O Cordão da Liberdade
Ensaiado com carinho
Pelo Zé Redemoinho
Pelo Chico Vendaval

Oh, que linda fantasia
Do Bloco da Mocidade
Colorida de ousadia
Costurada de amizade
Vai ser lindo ver o bloco
Desfilar pela cidade

Minha gente, vamos lá
Nossa turma vai sair
Nossa escola vai sambar
Vai cantar pra gente ouvir

Tá na hora, vamos lá
Carnaval é pra valer
Nossa turma é da verdade
E a verdade vai vencer
Vai vencer!


E que venha 2008!
eLi
:-]

domingo, 2 de dezembro de 2007

É funk

Ano acabando, após um tempo de sumiço, eis me aqui postando novamente. Parei por conta de meu projeto de TCC (Trabalho de Conclusão de Curso), em meu quarto e último ano de jornalismo.

Para defender, escolhi com meu grupo, um tema que sempre gerou e ainda não superou o preconceito. Da mídia, das pessoas: o FUNK.
Decidimos contar a trajetória do segmento aqui na Baixada Santista, pois muito se escreveu a respeito do estilo do Rio de Janeiro, por conta de seus divulgadores lá no início, como Sandra de Sá e Tim Maia, por exemplo.


Letras com significados muito ligados à comunidade em que se vive, ritmo forte, atitude, bandeira a ser defendida. Assim pode ser classificado de forma muito resumida, o funk.
Nunca fui de ouvir esse tipo de música, questão de identificação. Ela nunca disse muito em minha vida. Quando começamos a freqüentar bailes, para colher imagens para nosso vídeo-documentário, a ser entregue no final do ano, estávamos prontos a encontrar pessoas diferentes, fora do meio que costumamos freqüentar. Lá, vimos uma característica que nem havíamos pensado: nós é que éramos os estranhos ali.
Encontramos uma mulher, que se tornaria nossa personagem principal, para contar como chegou e se desenvolveu o funk em Santos e região. Conhecida por Tia Elisa, essa mulher tinha mais histórias para contar do que imaginávamos, ao vê-la no palco, apresentando duplas que traziam seu som, sua mensagem a ser passada, defendida. Assim, fomos conhecendo o que queríamos mostrar em nosso documentário: o lado real.
Sabíamos que o envolvimento era inevitável. Defendendo ou não, queríamos mostrar o que aqueles homens, mulheres, jovens e artistas tinham a passar, longe da estigma criada pela mídia, que sempre viu como um som de marginais, de bandidos.
Lá, vimos que existiam trabalhadores, que muitas vezes saíam daquele baile e iam encarar um serviço durante o dia, para conseguirem seu sustento. Conhecemos eletricistas, cabeleireiros e outros profissionais, que à noite eram ídolos de muitos, em bailes funk. E o mundo ia se revelando para nós. O mundo de um grupo que ainda tem muito a lutar contra a imagem negativa à qual são ligados.
Por meio da Tia Elisa, chegávamos aos MCs (mestres de cerimônia), como são chamados os cantores. Alguns já famosos, outros começando sua carreira. A Tia começou há mais de 10 anos com o movimento funk e sofreu os preconceitos por essa escolha.
Em sua época, os artistas eram meninos, não sabiam muitas vezes como trabalhar em um som que servisse de referência e de cultura para aquela comunidade. Mas por andar com funkeiros, a tia perdeu muitas amigas de seu meio social, além de ser mal vista por familiares e vizinhos. Em casa, porém, não teve problemas. Seu marido entendeu, seu filho, por quem entrou no movimento do funk, teve seu apoio como produtora. A outra filha cresceu junto com aqueles meninos, que depois se tornariam artistas na Região, com sucessos de funk cantados por muitos.
Como se não bastasse, a Tia, que é madrinha do funk, trabalha ainda com animais de rua. Ela recolhe animais que ninguém nunca olharia, muito menos cuidaria. Leva-os para casa, trata-os e depois espera por “adotadores”. Atualmente são quase trinta gatos, além de cães, todos em sua casa.
Muito material conseguimos colher nessa pesquisa de campo. Material que tem a finalidade de desmistificar o que a mídia tornou sinônimo de criminoso, de sujo e de anti-cultura.
Chegada a apresentação do vídeo, após concluído, auditório cheio, conseguimos mostrar o nosso trabalho, que impressionou a muitos pelo poder de contar histórias de homens que fazem do funk seu ideal, seu meio de vida, sua profissão e tudo mais.

Conversamos com personalidades como DJ Marlboro, no Rio de Janeiro, lá sofremos um acidente de carro e tivemos parte de nossos equipamentos roubados. Mas não desistimos. Conversamos também com Arnaldo Sacomani, jurado do programa Ídolos, considerado “cri-cri” de todos.
Enfim, conversamos com muita gente, a respeito do que achavam desse verdadeiro fenômeno cultural de um povo, que não pode ser ignorado, simplesmente por não fazer parte do grupo de pertencimento.
É polêmico, sempre foi. Encontramos dificuldades por isso. Muitos nem acreditavam em nosso trabalho, em nossa seriedade e compromisso com o tema.
Mas superamos, enfim, tudo e conseguimos mostrar nossa mensagem.

Fica a idéia de que não é necessário consumir esse tipo de música, afinal cada um tem seu gosto pessoal. É necessário que se olhe, observe com outro olhar. O movimento existe, os artistas do segmento existem, logo, não se pode considerar um movimento qualquer.
Ele tem seus significados e valores. Os bailes lotam, pois todos querem ouvir um som que diz muito sobre suas realidades, o que provavelmente nem um milhão de violinos de uma orquestra ali faria.
O lado ruim, exaltado por muitos, tem em todo estilo musical, mas o lado bom ninguém divulga, sobretudo quando é sobre funk.
Não ouça se não lhe agradar, mas reconheça que é um fenômeno cultural, que exerce influência sobre uma comunidade, que tem seus defensores-artistas, seu público-fã, tem sua linguagem própria.


MC Primo cantou em nossa apresentação. Um cara humilde, artista conhecido na região e fora daqui. Um exemplo do bom funk!

Terminada a faculdade, nota 10 nesse projeto, esperamos conseguir alterar alguma coisa, nesse mundo de preconceito em que vive o funk.
Em breve divulgo o vídeo que realizamos, em nosso projeto e também algumas músicas.

O que escrevi aqui é pouco por demais, diante o que presenciamos, vivemos e aprendemos!


Grupo de trabalho: Carla Yabico, Dalita Patrício e Camila Maximo

Professor-orientador, Wanderley Camargo


E que venha a formatura!

É isso!
:-]