terça-feira, 29 de novembro de 2016

Detalhe

Casamento recém-celebrado, O álbum de fotos nem chegou ainda. E a notícia linda: um bebê está a caminho. É comemoração em dobro! Passado o tempo regular da gestação, Chegou a hora do pai acompanhar o parto. Nascia ali uma linda criança, Só um pequeno detalhe: era negra.
A questão não era a cor em si, Mas não há negros em nenhuma das famílias. Algo estranho aconteceu, pensou o pai. Uma peça se encaixou, pensou a mãe. Nascia ali, o fruto de uma noite. De bebedeira e música. Onde ela contratou um gogo boy, Com quem transaria na despedida de solteiro.






terça-feira, 26 de julho de 2016

Oi


"Oi, estou louca para te ver de novo, te abraçar de novo, te beijar de novo, te ter de novo..."
"Oi, estou passando pra saber se está tudo bem com você..."

Mal sabe ele, que, por trás dessa mensagem que ela o envia,
Vem uma carga imensa de sentimentos, vontades e proibições.

Do tipo "querer não é poder".

quarta-feira, 29 de junho de 2016

Bloqueio

Ela decidiu: iria bloquear ele nas redes sociais.
Cansou de sempre deletar e readicionar.
Não por culpa dele.
Muito menos por culpa dela.

Há sete meses ambos decidiram entrar numa brincadeira.
Brincadeira de “pegar sem se apegar”.
Balela: um dos lados acaba sempre se apegando.
E a brincadeira torna-se séria.

Não foi culpa dele por ele ter outra.
Não foi culpa dela, tampouco, por ser solteira.
Foi culpa de ambos insistir numa traição.
Foi culpa de ambos dar corda e alimento a sentimentos perigosos.

O bloqueio é um basta apenas.
Um basta às milhares de vezes que ele fez pouco caso dos sentimentos dela,
Encarando eles como paranoia, como chatice,
Como “forçar a barra”, como drama, como baixo auto-estima.

Um basta pelas zilhões de vezes que ela cobrou dele,
Sendo injusta, pedindo a alguém compromissado
O que ele nunca poderia dar: atenção,
Afeto, presença, parceria. Amor.

Ela passou a amá-lo tanto,
Que o melhor foi deletá-lo.

segunda-feira, 27 de junho de 2016

Ridículo

De repente o celular dela notificou:
Mensagem dele!
Estremeceu, junto com um descompasso no peito.
Coisa que sempre ocorre quando recebe mensagem dele,
Depois de dias e dias de falta de comunicação:

"Quando a gente não sabe o que dizer,
O melhor é ficar quieto. 
Não se sinta ignorado."

Para ela, que já o conhecia tão bem,
Estava ali a mais sincera declaração,
O mais sincero dos dizeres.
A mensagem que a traria, enfim, tranquilidade.


sábado, 25 de junho de 2016

Unha

Ele lembra daquela madrugada.
Ele dormindo e o outro sem sono,
Sentado na tampa fechada da privada,
Cortando unha: tec, tec, tec.

Lembra que foi acordado.
E ficou puto por isso.
Acordado na madrugada pelo tec tec do cortador de unha,
Vindo da luz acesa do banheiro.

Levantou, foi até o outro e reclamou.
E o outro, sempre da paz, nada falou:
Apenas parou de cortar as unhas,
Dando atenção ao xilique do primeiro.

O outro se foi.
E o primeiro daria tudo para tê-lo o incomodando
Todas madrugadas.
Mesmo com um simples cortador de unha.
Ele daria tudo.


quinta-feira, 5 de maio de 2016

Plenitude



O seu amor,
Ame-o e deixe-o livre para amar,
Ame-o e deixe-o ir aonde quiser.

Ame-o e deixe-o brincar,
Ame-o e deixe-o correr,
Ame-o e deixe-o cansar,
Ame-o e deixe-o dormir em paz.

O seu amor,
Ame-o e deixe-o ser o que ele é:
Ser o que ele é!

(Gilberto Gil)