sábado, 22 de agosto de 2009

Comunicado anônimo

Quando se conheceu aquela pessoa quente,
Quando percebeu-se que o momento era aquele mesmo.
Quando qualquer pudor pareceu nada ser,
Quando a vontade que houve era a de consumar o contato profundo de carnes.

Quando a prevenção não foi a principal meta,
Quando precaução faltou, entre gemidos ardentes.
Quando proteção própria sequer passou pela cabeça,
Muito menos entrou na relação.

É quando o resultado, após semanas,
Foi aquele contrário ao que se esperava.
É quando o diagnóstico parece ser cruel, positivo,
Mas é preciso ser enfrentado (e em alguns casos, eliminado).

É possível reconhecer,
É preciso tratar,
É bom alertar:
Sexo é sem DST!



Campanha “Muito prazer, sexo sem DST", do Ministério da Saúde, sobre a necessidade de a pessoa avisar aquele que é (foi) seu parceiro, mesmo que anonimamente, sobre uma possível contaminação consigo, havida após a relação sexual.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Cúmulo do machismo

Dois amigos, no escritório, após uma ligação recebida em viva-voz...

“Nossa, que voz diferente!”
“Acho que é aquela estagiária nova.”
“Aquela bonitona???”
“É sim, aquela.”
“A tá...mas ela anda com camisinha na bolsa...”

¬¬

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Partidas*

Ela lutou a vida toda.
Casou-se, teve filho.
Perdeu o marido em desastre de carro.
Já não tinha trabalho.

Procurou, tentou ofícios.
Sem sucesso.
Quando a proposta salarial não era boa,
Era o modo de trabalho que não compensava.

Resolveu mudar!
Deixou o filho com os pais.
Embarcou na ideia de trabalhar em alto mar.
Viveria temporadas de nove meses em cruzeiros marítimos.

Juntou dinheiro nesse tempo de muito trabalho.
Deu mesmo a volta por cima.
Conquistou sua casa, carro, tranquilidade.
Ficava fora de casa por muito tempo,
Deixava saudade e a levava também.
Mas não podia negar que o sucesso havia conquistado.

Certa vez, em um fim de contrato,
Desembarcou em casa, de volta.
Seus pais, radiantes e ansiosos por demais.
Mal podiam esperar.

No porto, beijou mãe, filho.
Beijou o pai, que caiu de repente.
Morreu de infarto, ali mesmo.

Um abraço e um beijo,
Foi o máximo que ele conseguiu esperar.

*Republicando (de 22 de maio). Sem motivo certo, mas republicando.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Quase um bell boy, prestes a embarcar



Foi criado um espaço novo,
Destinado a relatar, a partir de 25 de outubro,
Conhecimentos e experiências.
Será local para relatos em primeira pessoa.
O que raramente ocorre aqui, com contos sempre em terceiras.

Na nova página, uma forma de comunicar e se comunicar,
Um local para momentos de sobrevivência,
Quando somente as palavras das pessoas em terra
Serão o bastante para amenizar a solidão em mar.

Quando o contador acima zerar,
Será porque a nova experiência estará para começar.
Será quando a vida de jornalista emprestará um pouco ao novo ofício,
O de mensageiro de hotel, mas no navio.
Bell boy, tripulante. Em cruzeiros marítimos.

Sem endereço certo,
Sem tempo, sem rotinas,
Mas com muito, muito trabalho. Muito mesmo.
E meta$$$, objetivos e sonhos a realizar.

Será que tem tanto espaço para tudo isto,
Na mochila de uma única pessoa?

Aqui, em 20 anos Blues, os contos serão menos frequentes,
Pois as experiências estarão em outro endereço,
No “bell boy a bordo”.
Assim, qualquer um pode sentir-se à vontade
Para acessar a página, onde terá o autor de sempre,
Mas em uma nova fase.

Isto tudo após 25 de outubro.
Já os contos daqui, estes aqui permanecerão.
Também estarão abertos, como sempre estiveram,
Para leituras e comentários.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Gratuito

Na rua, um portador de necessidades especiais fez menção de parada de um ônibus, mas desistiu quando viu que este estava cheio.
O coletivo, ao parar no semáforo adiante, já fora do ponto, foi abordado por um outro senhor, que logo se dirige ao motorista. "Você não quis parar para o deficiente, você sabe que está errado e eu posso te denunciar para seu superior!!! Você não pode fazer esse tipo de discriminação ‘rapá’", atacou o velhinho que simplesmente tomou as dores do rapaz de muletas, deixando o condutor sem mudo, sem reação e sem entender completamente nada.
O motorista calado...
"Venha cá moço", ordenou o delator, triunfante e justiceiro, ao homem com dificuldades de andar. "Agora você pode entrar!"
A suposta vítima, para esclarecer tudo, disse se tratar de um mal entendido (da parte do dedo duro, claro). "Eu ia pegar o ônibus, mas vi que estava cheio demais e assim sinalizei ao motorista que não parasse.”
“Tome! Está satisfeito agora?”, fala pela primeira vez o motorista, que de culpado nada tinha.
O velho fuxiqueiro ainda assim não conseguiu reconhecer seu erro infeliz e se retratar. "Você não sabe de nada. Você é um merda.
“Merda é você, vá caçar algo de útil para fazer, justiceiro sem causa.”

Vai entender.