quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Dois meses

Amigo. Há dois meses você deixou esse mundo louco. Posso dizer que sua partida tem sido a pior experiência que já tive na minha vida e que acho que nunca terei igual. Não choro. Não sinto tristeza ou qualquer sentimento que não valha a pena. A saudade é absurdamente presente! Uma saudade profunda, daquelas que fazem doer, que fazem rir, suspirar, fazem dizer seu nome feito louco varrido que fala sozinho "Ah, Ademir...".
Fico feliz de, toda vez que penso em você (considere isso todo o santo dia e, pelo menos em mais da metade de cada dia), eu não ter aquela coisa chata de "ah, se o tempo voltasse atrás e blábláblá". Não. Não há nada que eu me arrependa de não ter feito em vida a vida a você, com você, por você. Sei que o que fiz(emos) foi o que tinha de ter sido feito. Siga daí, que sigo daqui. É o que nos resta! Amor, paz, gratidão, saudade, amor. Amém.

domingo, 2 de novembro de 2014

Tosca

Ele ganhou uma pulseira de aniversário.
"Achei linda. A sua cara!"
Disse quem deu o presente.

O aniversariante olhou para ela, olhou para quem a deu.
"Eu não uso esse tipo de pulseira.
Não faz meu estilo.
O que te faz pensar que combina comigo?"

A pulseira foi direto para a gaveta.
E ali ficou esquecida e não usada.
Até que quem a deu se foi. Partiu para sempre.
Inesperadamente morreu.

Revirando os pertences do amigo que partiu,
A pulseira apareceu de novo.
Ele olhou a pulseira, olhou para a cama onde quem a deu estaria, se estivesse vivo.

Ele usou a pulseira que antes achara tosca,
A pulseira que ganhara de aniversário,
A pulseira que se tornou uma lembrança pura,
A pulseira que do braço já não sai mais.