sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Energia

Um poema doce (um fragmento dele)...
Poesia doce sim, de um "rebelde" e russo Maiakóvski, que adoro.
A tradução é de Emílio Carrera Guerra:
Estrela

Escutai! Se as estrelas se acendem
será por que alguém precisa delas?
Por que alguém as quer lá em cima?
Será que alguém por elas clama,
por essas cuspidelas de pérolas?
[...]
Escutai, pois! Se as estrelas se acendem
é porque alguém precisa delas.
É porque, em verdade, é indispensável
que sobre todos os tetos, cada noite,
uma única estrela, pelo menos, se alumie.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Exclusão

Chegou humilde e simpática.
Informou-se sobre as disponibilidades de vaga,
Animou-se, mostrando interesse.
“A ficha é essa aqui”, dizia a atendente, também na expectativa.
A interessada olhou,
Olhou. O papel e a atendente...
“Não sei escrever”, respondeu em sua maior honestidade.
A que atendia, nada pôde fazer.
Resgatou para si a ficha, ainda em branco.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Velho

Em casa, passou a vida na amargura.
Fora dela, típico na época, viveu de amantes em todo canto que trabalhava.
Bebeu e gastou.
Tratou a mulher, as filhas como se tratassem de propriedades suas.
Privando-as, desmerecendo-as, controlando-as. Não amando.

Deixou de participar de muitos momentos importantes.
Em outros, o fez de forma indesejável, com desdém e de mau gosto.
Melhor que não tivesse ido.

Certa vez, em momento mais ameno da vida,
Mais por força da dependência que a idade vai trazendo,
E por conta da independência daqueles que não precisam mais de suas asas,
Menos do que por vontade,
Ajustou um terno dado pela filha,
Seria usado no casamento de uma das caçulas, ainda naquele mês.

Porém, a destinação da vestimenta foi outra.
O deixou mais digno, em meio ao aroma floral
Que o envolveu no caminho da cova, seu destino mortal,
Sete dias antes do matrimônio ao qual não participaria.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Fatal

Em Mongaguá, na Rodovia Padre Manoel da Nóbrega, um caminhão da Secretaria da Administração Penitenciária (SAP), que transportava presos do Centro de Detenção Provisória (CDP) de Praia Grande seguia levando detentos para Itanhaém.

De repente, o carro invadiu a pista contrária e bateu em dois automóveis. O motorista de um Peugeot morre. Uma criança de 2 anos e um bebê de sete meses, em um Gol, também morreram. Outros, que num total somaram mais de dez pessoas, se feriram.

Cinco presos do CDP saíram pouco feridos ou ilesos.

Fatalidade.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Vozes polêmicas


Vendo um especial sobre Maysa, conhecida por muitos como a cantora da fossa, lembrei-me de uma passagem de um livro de Zuza Homem de Mello (A Era dos Festivais), que fala sobre seu temperamento marcante.

Em meio aos bastidores e nos próprios palcos onde ocorriam os festivais de música popular brasileira, eram comuns serem vistas briguinhas, arranca-rabos e desentendimentos entre artistas. Com Maysa não foi diferente. Imagine então envolvendo Elis Regina, que também não tinha as tais papas na língua.

O fato ocorreu após a final nacional do I Festival Internacional da Canção (FIC/TV RIO), em outubro de 1966, tendo como vencedora “Saveiros”, de Dori Caymmi e Nelson Motta, cantado melancólica e belamente na voz de Nana Caymmi.

Enquanto os Caymmi comemoravam em casa, houve uma festa em um lugar chamado Boate 706. Lá estavam, entre compositores e artistas, Maysa (que teve a canção por ela interpretada, “Dia das rosas”, eleita em terceiro lugar, composta por Luís Bonfá e Maria Helena Toledo). Naquela noite, Maysa bebeu todas e começou a provocar Elis, que estava na mesma mesa:

-Sua gauchinha de merda, você não canta nada!

Elis, paciente, para não comprar briga, respondeu:

-Não me provoca não!

Maysa não parou: pegou uma garrafa e arremessou-a contra Elis, quando Roberto Menescal conseguiu pegar a garrafa antes de chegar a Elis. Se acertasse, Maysa seria responsável por uma grande marca no rosto da pimentinha. A festa não parou por isso, muito menos a rixa das duas.

Antes, no festival, após proclamada campeã, Nana subiu ao palco para cantar novamente “Saveiros”, e foi muito vaiada encobrindo inclusive a orquestra (fato comum nos festivais).

Maysa, que durante todos os ensaios hostilizara Nana, levantou-se em meio ao turbilhão e esqueceu a rivalidade com a cantora e soltou ao público “vaiante” um “Agora é hora de aplausos. Vamos!”. E depois lá estavam as duas, no pódio.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Arrastão

Arrastão!
Deu em toda a TV, após aparecer nas ruas.
E as irmãs de Minas Gerais viram em casa.
Ligaram para as parentes que estão com a mãe, passando férias na cidade litorânea paulista,
De onde vieram as notícias e previsões de mais dias de violência numa praia grande.

Como notícia ruim corre, e logo!

Tranqüilizando as informantes preocupadas no outro estado,
Quem está na praia assegura que os fatos não foram consigo e não caracterizam nada de tão grave, constante e ameaçador.

Na TV mineira os fogos paulistas não apareceram.
O coro de 200 vozes de natal, em sacada do Palácio das Artes, na mesma cidade litorânea, nem sequer foi pautado,
Muito menos rendeu um flash, não foi merecedor de ser veiculado lá.

Mas o arrastão, provocado por pessoas que vieram de outras cidades e até de outros estados, dispostas a barbarizar e quebrar tudo em município que não é seu, esse apareceu, com grande destaque.

Notícia ruim corre, e logo.
E isso, por incrível que pareça, ainda impressiona.