segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Benefício da dúvida



"O preconceito obscurece a verdade"

Você já foi julgado injustamente?
Já julgou alguém sem antes vestir-se em sua pele?
Quantas vezes você pensa muito bem antes de sair culpando alguém, ou pior, incriminar alguém?
Em determinadas vezes você consegue assumir que seu preconceito cria uma barreira na sua análise sobre um fato ou pessoa?
Você é capaz de deixar seu preconceito de lado para decidir se alguém é culpado ou inocente?

Doze homens de um juri têm a missão de analisar um possível homicídio em família e decidir o destino de um rapaz de 18 anos. Liberdade ou pena de morte. O acusado é pobre, estrangeiro e é julgado nos Estados Unidos.

Trata-se do filme “Doze homens e uma sentença”, do original “Twelve angry men”, de 1957, de Sidney Lumet. O filme é impressionante de cara por um motivo que vai contra as obras recheadas de tecnologia que há hoje: ele é inteiro passado somente em uma sala com uma grande mesa no centro. E pronto. Tudo em branco e preto.

O grupo de jurados já entra na sala, de onde sairá o veredito, com a certeza de que o jovem em questão é culpado por ter matado seu pai. O trabalho parecia simples e acabado! Mas o jurado número 8 não tem esta certeza. E por causa dele, todos os demais devem: tentar convencê-lo a mudar de ideia, com o motivo pelo qual decidiram por culpado, e/ou devem ouvi-lo e, se julgarem correto, modificarem suas opiniões.

Seu voto de ‘não culpado’ se deve não por ele ter pena do acusado ou por estar certo da inocência dele. Seu voto é simplesmente por ele não ter certeza de que o julgado é culpado, pois as provas e testemunhos apresentados não são totalmente críveis. Com a ideia de questionar, assim como fazem as crianças, quando querem saber ‘porque’, o oitavo jurado pergunta o motivo pelo qual levou todos os onze a defender que o rapaz é culpado. A resposta vem. Aparecem os que sequer sabem defender o voto que deram.

A partir daí, entra a grande sacada do filme. Uma análise muito criteriosa sobre fatos, depoimentos e probabilidades, leva à constatação de que os testemunhos eram deficientes.
Mais adiante, a briga entre eles causa a queda de suas próprias máscaras. Um se revela preconceituoso social, por conta da origem humilde do rapaz (algo do tipo ‘ele vive numa favela e é criminoso’); outro se ofende, pois viveu neste mesmo cenário de probreza, mas se envergonha de contar detalhes. Outro se mostra totalmente ignorante, quando, em suas prioridades naquela mesa, está a de terminar o julgamento o quanto antes, pois tem uma partida esportiva para logo mais à noite e não quer perder por nada (todos os membros do juri só saem com veredito em mãos).

Todos estes elementos apresentados por aqueles que teriam a responsabilidade de julgar alguém, estavam contra os princípios da justiça, que é o julgamento com o máximo de exatidão, certeza e imparcialidade possíveis.

Então, os relatos, meticulosamente analisados, caem por terra de forma deliciosamente óbvia. Fatos desmascarados que levam o expectador a pensar “Nossa! Eu nunca atentaria para este detalhe, se estivesse no lugar dele”. O veredito fica mais enrolado, provando que, assim como no cotidiano de qualquer um, age-se sem pensar, julga-se sem analisar todas as possibilidades. E, assim, erra-se feio. Mas este tipo de erro é o que o oitavo jurado tenta evitar, pois o preço, naquele caso, seria a morte ou a libertação do acusado em questão.

"Doze homens e uma sentença" estimula ainda a reflexão sobre uma situação assustadora, que pode ser trazida para a atualidade brasileira: a justiça (em diversas esferas, não somente na de leis) está, muitas vezes, nas mãos de tolos, de chantagistas, de despreparados ou até mesmo de pessoas que não se importam de fato com um julgamento necessariamente correto, mas apenas com o que consideram justo (distorcida por conta de preconceitos e outros sentimentos viciados).

Doze homens é filme único, algo como obra rica para se ter e recomendar ao amigo. Feito todo em uma sala apenas, mas que não deixa, nem por um minuto, o observador entediar-se no sofá. Diálogos elaborados, que levam cada um que assiste a, inevitavelmente, querer participar dos raciocínios, soltando um “É verdade!” ou um “Ele está certo mesmo!”.

Vale a pena conferir as reviravoltas de um único caso, até chegar à sua conclusão!

Culpado ou inocente?

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

29 anos sem Ela

"A música é meu arco, minha flecha, meu motor, meu combustível e minha solidão. Amigo, cantar é um ato que se comete absolutamente só e eu adoro."

Elis Regina
*17 de março de 1945
+19 de janeiro de 1982