terça-feira, 29 de maio de 2007

Superação nem sempre reconhecida

De 25 a 31 deste mês, Praia Grande foi sede dos Jogos Abertos Brasileiros, uma competição de importância que reúne atletas de ponta e novos nomes do esporte que surgem no país.
Essas fotos são de autoria de Fred Casagrande, das competições de natação ocorridas em Santos.






Fui escalado entre várias coberturas para acompanhar as disputas de atletismo. Faço estágio de jornalismo na Assessoria de Imprensa na Prefeitura de Praia Grande, e lançamos notícias diariamente em nosso site. E nestes esportes, estivemos com um QG na quadra perto das competições, informando tudo que acontecia nesses dias. Então, lá fui eu!
Leia minha matéria do primeiro dia de competições de atletismo, clique aqui
Para a matéria do segundo e último dia de competições, clique aqui

Um esporte de tradição, o atletismo é considerada uma das provas mais humanas, pois desenvolve os movimentos básicos do homem (pular, saltar, correr).
Estive sábado (26) e domingo (27), em São Caetano, conhecendo as modalidades e os atletas que passavam por lá. Ao som do super clássico Chariots of fire, fui me deparando com muitas personagens importantes para o Brasil, umas levavam ouro, prata e bronze; outras nem ao pódio subiam, mas estavam lá também, disputando e representando muito bem suas cidades e estados.
O 1º lugar geral nas competições foi para São Paulo, destaques para Elisângela Adriano, arremesso do peso e lançamento do disco; Alessandra Rezende, no lançamento do dardo e Andréia Pereira, também do arremesso do peso.
Esses destaques são dados não só por causa do ouro ou prata conquistados nos Jogos, mas sim por também estarem classificados para o Pan-Americano, em Julho, no Rio de Janeiro. Uma delas já garantiu vaga para as Olimpíadas de 2008, na China!
Ou seja, são super atletas que irão representar o Brasil em competição de grande nível e que, infelizmente, muita gente desconhece.
Competições como essas, modalidades como essas, atletas como essas e esses, são quase sempre deixados de lado, por falta de patrocínio e de apoio. E normalmente os esportes mais bem patrocinados são o que sempre estão na mídia, como o futebol.
Porque o o Brasil não pode ser também o país do esporte, como geral? E não só do futebol?

Fico feliz com a atual divulgação do volei brasileiro, principalmente o masculino que vem ganhando atenção de todos, assim como o futsal - todos podendo mostrar seus talentos...
Se mesmo com dificuldades esses atletas chegam a competições como um Pan ou Olimpíadas, já imaginaram se tivessem investimento desde o começo, quando muitos têm de abandonar o esporte para trabalhar e sustentar a casa?!
Peço que divulguem sempre essa idéia, a de que o esporte aliad a educação pode sim, dar novos horizontes a nosso Brasil. Como esses, existem muitos espalhados pelo país. Não é questão de mostrar atleta X ou Y. É mostrar que o esporte merece destaque, pois assim, seus praticantes serão reconhecidos, além de seu empenho.
Aqui ficam algumas imagens do que já aconteceu até agora, até o último dia serão muitas provas de raça e imagens belas como essas! Superação, força, humildade, competitividade e grandes sonhos: esses atletas têm de sobra.
Quem sabe um dia esses guerreiros de tempos modernos tenham o mesmo respeito que os competidores de Olímpia, na Grécia. Tempo em que esporte era sinônimo de honra.
Esta é apenas uma das modalidades que estão sendo disputadas nesta 16ª edição dos Jogos Abertos Brasileiros.

É isso...
eLi
:-]

A seguir, imagens, por Edmilson Lelo


Prova de 100 metros sobre barreiras. Média de 14 segundos para chegar ao final
Salto em altura. A envergadura e tamanho do atleta são importantes para boas marcas
O martelo lançado é uma espécie de esfera metálica amarrada a uma haste de arame
É possível ver a alça do martelo na mão desse lançador, antes de jogar
"Com esse resultado, quem não melhora?", brincou a atleta que sentiu fortes caimbras, mas levantou-se rapidamente quando ouviu o anúncio de seu ouro
Arremesso do peso, uma prova que é especialidade de Elisângela Adriano, de SP
Provas rasas. Corridas curtas ou mais longas que exigem muita resistência dos atletas
Alessandra Rezende. Muito linda e simpática. Destaque da equipe de São Paulo, já tem vaga garantida para o Pan-Rio e Olimpíadas da China (2008), que coisa, não!?!?!

Quick, atleta de salto triplo do Paraná. Ouro em uma das provas mais tradicionais em atletismo
Eli, como é conhecida Elisângela Maria Adriano e Eli (eu). Detalhe que vira e mexe gitavam o nome dela "Vai Eliii" "Garra Eliiii"...então pode-se imaginar as confusões que eu fazia. Bem, essa Eli é destaque (ouro) em arremesso do peso e lançamento do disco. Vaga garantida no Pan-Rio. outra menina simpática e sem frescuras, aliás uma característica desse esporte. Me impressionou a simplicidade de todos

domingo, 20 de maio de 2007

Diferentes modos de dizer um só

Olá!
Eis me aqui...tinha prometido a mim mesmo atualizar aqui semanalmente....ainda chego lá!


Esses dias, com minhas manias de rememorar coisas do passado (ou desenterrar do baú como diria a maioria), me peguei a ouvir um disco de Maria Bethânia, um long play de um amigo meu, que "gentilmente me deu de presente" quando a vitrola dele quebrou (para minha alegria). Ouvindo, pulei imediatamente a agulha para a faixa "Teresinha" de Chico Buarque, música sensibilíssima com uma pitada sutil de humor - dada a simplicidade e ingenuidade da "Teresinha" em falar de seus sentimentos e desejos.
Sem falar na beleza simples do arranjo da gravação, onde a introdução soa como uma verdadeira nuvem de lembranças, efeito causado pela "dança" dos violinos em destaque como se estes dessem voltas em um salão parando ao toque do piano, retomando cambaleante e a tempo. Esse efeito me faz sentir uma espécie de nuvens, daquelas que surgem toda vez que alguém pede para que se conte algo do passado, quando se fecha os olhos e diz "Foi bem assim...", e então, Teresinha começa a recordar e reviver.
Pois bem, ao ouvir essa canção, daquele novato na MPB (um tal de Chico Buarque), canção que na minha opinião é uma das mais bonitas que Bethânia já gravou, ao ouvi-la, fui repentinamente remetido a um texto que me acompanha desde os tempos de escola. O texto é "Caminhos com Maiakóvski", inspirado em um poeta russo - Vladímir Maiakóvski, conhecido no movimento futurista na Rússia no século XX. Eis aí as duas histórias:


Teresinha
(Chico Buarque)


O primeiro me chegou como quem vem do florista
Trouxe um bicho de pelúcia, trouxe um broche de ametista
Me contou suas viagens e as vantagens que ele tinha
Me mostrou o seu relógio, me chamava de rainha
Me encontrou tão desarmada que tocou meu coração
Mas não me negava nada, e, assustada, eu disse não

O segundo me chegou como quem chega do bar
Trouxe um litro de aguardente tão amarga de tragar
Indagou o meu passado e cheirou minha comida
Vasculhou minha gaveta me chamava de perdida
Me encontrou tão desarmada que arranhou meu coração
Mas não me entregava nada, e, assustada, eu disse não


O terceiro me chegou como quem chega do nada
Ele não me trouxe nada também nada perguntou
Mal sei como ele se chama, mas entendo o que ele quer
Se deitou na minha cama e me chama de mulher
Foi chegando sorrateiro e antes que eu dissesse não
Se instalou feito posseiro, dentro do meu coração

_____________________________
Caminhos com Maiakóvski

Na primeira noite eles se aproximam,
Colhem uma flor de nosso jardim
E não dizemos nada.


Na segunda noite,
Já não se escondem:
Pisam nas flores, matam nosso cão
E não dizemos nada.

Até que um dia,
O mais frágil deles
Entra sozinho em nossa casa,
Rouba-nos a lua e,
Conhecendo nosso medo,
Arranca-nos a voz da garganta.

E porque não dissemos nada,
Já não podemos dizer nada.


Acho o efeito desse último texto surreal (costumo usar essa palavra para me referir a "amor a primeira vista" com frases, músicas, citações, ou coisas do tipo...Sabe quando você ouve algo pela primeira vez e sai dali sem conseguir esquecer?), isso mesmo, surreal, tanto que carrego comigo até hoje. E quando ouvi o "assustada eu disse não" da segunda parte da música de Chico, me veio logo esse texto falando sobre o medo de dizer não, daqueles que você se arrepende depois. A diferença é que para Chico a moça teve uma reação a tempo, na terceira parte música, mas para Maiakóvski a questão foi contrária. O "assaltante" (noturno) rouba tudo e também a coragem. Não sei se é realmente possível essa ligação, relação ou coisa parecida, dos dois textos, mas gostei do resultado.
Senti o mesmo quando vi "Ballet Stagium", grupo de dança com inovações muito interessantes, interpretar Roda Viva, também de Chico Buarque (que coisa! Esse menino ainda vai ficar famoso). Na coreografia da chamada "dança contemporânea", os bailarinos realizavam as evoluções de acordo com o efeito do refrão "Roda mundo, roda gigante, roda moinho, roda pião...". E a cada estrofe eles andavam para trás enquanto um texto era lido de trás pra frente, em cima da canção. Para o público, que já ouviu falar de "Roda Viva" em algum momento, restava adivinhar que texto era aquele lido ao contrário. Interessante, o mistério viria à tona no desfecho veloz da canção, quando as rodas "desembestam" sem direção.
E o texto lido era "José" de Carlos Drummond, tão conhecido como a letra de Roda Viva. Revelado o mistério, muitos ficaram surpresos com a semelhança dos dois textos e a forma com que ele foi adicionado à música. Mostrando a situação de um José após o efeito opressivo de uma roda que leva a saudade prá lá........
Vejam os dois textos:

Roda Viva - fragmento
(Chico Buarque)

Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu
A gente quer ter voz ativa
No nosso destino mandar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega o destino prá lá

Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração

A gente vai contra a corrente
Até não poder resistir
Na volta do barco é que sente
O quanto deixou de cumprir
Faz tempo que a gente cultiva
A mais linda roseira que há
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a roseira prá lá

[...]
_____________________________
José - fragmento
(Carlos Drummond de Andrade)

E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?

[...]

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?

[...]

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse a valsa vienense,
se você dormisse, se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!

[...]

Uffa....acho que para semanas sem escrever, chega, né?! Não sei se realmente é possível ver uma relação entre esses textos todos...mas acho que a palavra opressão cabe a todos eles. Me perdoem o excesso de aspas e parênteses, às vezes acho que divago demais.....

eLi
:-]

sábado, 12 de maio de 2007

Virada Cultural


Pois é...a virada cultural revelou um centro de São Paulo muito diferente do pouco que eu conhecia.
Imaginar aquelas praças e avenidas cheias às 2, 3 da madrugada é bem diferente!
Palcos espalhados por todos os lados, pessoas de muitas tribos, todas ali!
Como disse a Bah, foi o mais próximo que poderíamos chegar de Woodstock!
Nossa...era surreal olhar aqueles gramados cheios de pessoas deitadas, em roda ou mesmo solitárias recostadas à arvore, ou realizado seu próprio espetáculo de dança ali, na grama, quando não se podia assistir à apresentação devido à lotação em frente ao palcos.
Nomes como Chico Buarque, Vinicius de Moraes entre outros foram lembrados em encontros poéticos ou eventos de dança.
Foi a oportunidade de ver shows e novas visões de arte como se olhasse do quintal de casa, bem ali na rua ou na praça!
Destaque para o Ballet Stagium, bailarinos expressivos, sem falar que o espetáculo era muito bom também! Músicas de Chico Buarque vivas ali nas coreografias.
Foi isso, Bartira, Cecília, Daigous e eu, dando uma de mochileiros em pleno centros de sampa!
eLi
:-]

sexta-feira, 4 de maio de 2007

Com mais de 20
















"Ontem de manhã, quando acordei, olhei minha vida e me espantei:
Eu tenho mais de 20 anos..."
20 anos blue
(Suely Costa/ Victor Martins na voz de Elis Regina)

Bem...essa é mais uma daquelas coisas que a gente começa e termina,ou às vezes nem termina...
Não sei para onde nem até quando, muito menos para quem
Sei lá...pode ser que antes de eu terminar esse primeiro post já tenha desistido e deletado tudo (não foi dessa vez ehehhe)

Bem...neste primeiro não quero um discurso...sei lá.....é um começo....e como todo começo...tá começando...(ótima hein?)
É isso...
eLi