domingo, 20 de setembro de 2009

O menino que copiava

Era por meio das máquinas de xerox que ele descobria todo um mundo.
Sua função era a de copiar.
Atendia o pedido, pegava, copiava, devolvia. Originais e cópias.
Por suas mãos muita coisa passava.

Era hábito, uma tradição, com documentos para copiar,
Observar qual era a data de nascimento da pessoa.
Comparava as idades com a sua própria,
Verificava o signo e tentava, assim, descobrir algo da personalidade.
Chegou a encontrar aniversariantes do mesmo dia que o seu,
Quando o dia da festa era aquele mesmo,
Tomava a liberdade e dava os parabéns.

Quando a fonte a ser copiada era algo interessante,
Fazia uma para si também.
Desta forma, obteve os melhores livros de inglês,
As melhores reportagens de revistas,
As mais importantes passagens de livros de poemas,
As imagens mais curiosas e belas.

Deu-se certa vez alguns recortes de jornais,
Como aquele que tratava da morte do Elvis Presley.
Ou ainda guardou uma carta em inglês de uma mãe para filho nos Estados Unidos (era para treinar seu inglês, apenas, e não por bisbilhotice).

Não considerava o ato de copiar as coisas para si um crime,
Muito menos invasão ou utilização abusiva.
Acabava por ser um ato secreto e somente seu.
Para ele, era uma facilidade, uma cessão natural,
A partir da confiança a ele creditada no balcão.
E assim, de cada duas cópias,
Uma era para ele.
Algo como um investimento.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Nostalgia

Uma canção que se encaixa no meu atual momento de despedida...dentro desta fase de transição, mudança de profissão/ofício...

Esta é das antigas do Roberto Carlos. Na verdade, para mim, Roberto foi muito mais feliz em sua mocidade! Ainda e sempre romântico, mas sem rimas baratas e arranjos sem sal que ele apresenta hoje em dia, de uns 15 ou 20 anos prá cá.
Cresci ouvindo esta música, com meu pai dizendo que falava de um acidente com o Roberto, ainda jovem.
Ela me faz lembrar coisas antigas, de despedida, saudade...
Acho que, para cada um que a ouve, ela se encaixa bem em sua história e recordações. Meio que serve para qualquer um que ouve.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Suicida assassina

Ela decidiu dar um basta naquilo tudo.
Acabar até a raiz. Eficaz e ponto.
Por vezes tentou se deixar levar,
Tentou alguém que a levasse.
Mas nada. Nada aconteceu.

Estudou, estudou e chegou ao plano que lhe pareceu ideal.
Terceira janela, oitavo andar!
Local perfeito, ante a última crise.
O segredo para acabar com o mal que julgava nada poder fazer contra.

Jogou-se.
Foi morrer caindo em cima de um pedestre.
Este, caminhava à tarde,
Com sua esposa. E morreu também.
Mesmo nada tendo a ver com os surtos da suicida.