sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Escolhas

foto minha

A mãe sempre dizia
“Escolhe bem teus feijões,
Olhe, busque e queira somente os melhores,
Para fazer o melhor feijão ou a melhor feijoada.
Não tenha dó de descartar as pedras, os galhinhos e caroços podres.
Eles não dão sabor ao prato.
Servem para quebrar dentes,
Causam desconforto
E culpam a dona de casa desatenta.
E ao escolher teus grãos amigos,
Pense bem aos quais te junta.
Não queira ser diferente apenas pela diferença,
Mas por questão de identidade. Por natureza.
Não queira, porém, ser idêntico,
Pois assim será apenas mais um escondendo a si e de si mesmo.
Seja grão, como é. Tortinho, pefeito, mais corado, descascado, o que for.
Apenas seja.”

E criança que era, mal entendia essa coisa toda,
Apenas se imaginava, menino de pés e braços,
Mas, uma vez entre os grãos marronzinhos de feijões,
Estava também perdido na multidão e ainda cru.




(Ps. Agora, de volta da aventura do mar. Até quando, não sei. Talvez meu lugar seja, de fato, aqui. Quem sabe??)

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