quarta-feira, 9 de abril de 2008

O desejo da expressão

Todos esperam ansiosos pela chegada daquele que é considerado o maior evento esportivo do mundo. As Olimpíadas, a serem realizadas em agosto, em Pequim, na China, reunirá competições, de muitas modalidades, de inúmeros atletas, vindos de diversas nações, que fazem do país-sede, por um determinado tempo, seu solo onde sagrará toda uma conquista.
Os eventos pré-olímpicos correriam tradicionalmente bem, com o percurso da pira olímpica por muitos países, a anunciar a chegada dos jogos, se não fossem outras questões paralelas, menos esportivas e mais políticas, que dividem as atenções. Com isso, no lugar de crianças com sorvetes, sorridentes, com bandeirolas, a acenar aos atletas que conduzem a pira, o mundo vê da tv outra cena menos clássica, com homens azuis, de patins, capacetes, portando armas e coletes. Tudo para proteger a tocha. Será que esse esquema de segurança é porque ela pode explodir? Não, não é isso.
Eles protegem a chama que vem sendo apagada por militantes que promovem protestos contra violações dos direitos humanos e repressão, praticados contra o Tibete, uma província incorporada à República Popular da China, que atrai atenção de outros países que querem ter seu domínio. No direito à autonomia, independência e na busca pela valorização de seu povo, tibetanos e simpatizantes saem às ruas.
É como se um irmão mais novo reclamasse o tempo todo das peripécias provocadas por sua irmã mais velha, que se aproveita da experiência, da grandeza e da influência para dominar o menor. Em um determinado momento, esse irmãozinho Tibete vê na chegada da mãe em casa, a sua salvação: e parte a denunciar com todas as ferramentas e armas o que a irmã China sempre fez consigo. A mãe, que seria comparada à mídia, é aquela que, relativamente parcial, presencia todos os atos de protesto e que os passará ao papai, à titia e a todos os parentes (o mundo inteiro).
Alguns órgãos defendem a foram de expressão, outros defendem o cancelamento do revezamento da tocha. Já os militantes espalhados no mundo, divulgam que serão “mais cautelosos” nas próximas manifestações surpresas, pois não querem violência.
Protestar é válido, sobretudo quando não se teria condições, nem oportunidades para isso ser levado ao mundo. Porém, atrapalhar de forma violenta um evento mundial de esporte, que promove por si só a paz, a integração dos povos, a superação de limites, a cultura, a saúde, a luta contra a pobreza e a realização humana, não é louvável.
Que esse corajoso ato do irmão-mais-novo-Tibete persista, sobretudo quando a mãe não estiver mais em casa, pois terá de suportar e lutar contra a repressão que poderá sofrer, da irmã mais-velha-China, que, sem as lentes maternas do mundo, poderá castigá-lo por tê-la entregue.

4 comentários:

Unknown disse...

volteeeeeei!!!!
than-nam! só danço samba, só danço samba...

beijos!

Eli Carlos Vieira disse...

O "than-nam" foi legal!!!

É isso ae, continuemos no samba.Vai, vai!
:-]

Unknown disse...

é incrível como em pleno século 21 ainda exista o subjulgo, a guerra, a ditadura.
é incrível como ainda é necessário protestar, matar e morrer para sermos livres. fico pensando aonde está a evolução da qual o homem se vangloria tanto.

Eli Carlos Vieira disse...

É inconcebível...mas existe...
Desde os livrinhos de história do primário, às linhas de blogs e noticiários eletrônicos.

Não se pode parar de sambar.
Obrigado pela visita, Lorena!
:-]