sábado, 25 de junho de 2016

Unha

Ele lembra daquela madrugada.
Ele dormindo e o outro sem sono,
Sentado na tampa fechada da privada,
Cortando unha: tec, tec, tec.

Lembra que foi acordado.
E ficou puto por isso.
Acordado na madrugada pelo tec tec do cortador de unha,
Vindo da luz acesa do banheiro.

Levantou, foi até o outro e reclamou.
E o outro, sempre da paz, nada falou:
Apenas parou de cortar as unhas,
Dando atenção ao xilique do primeiro.

O outro se foi.
E o primeiro daria tudo para tê-lo o incomodando
Todas madrugadas.
Mesmo com um simples cortador de unha.
Ele daria tudo.


2 comentários:

Carolina Corrêa disse...

Intenso!

Eli Carlos Vieira disse...

Tão cotidiano quando acontece. Tão absurdamente intenso, quando também acontece...