quinta-feira, 19 de março de 2009

Cotidiano

Nosso dia-a-dia é cheio de contatos que adquirimos com o passar da vida. Mario Prata, escritor contemporâneo e direto, de bons títulos, e sem rodeios, jornalista e também roteirista de algumas novelas, resolveu juntar em um livro lembranças e histórias vividas com seus contatos de agenda telefônica.

Em "Minhas Mulheres e Meus Homens", Prata traz uma série de contos deliciosos, que segundo ele diz, viveu com diversos conhecidos (muitos deles famosos). É leitura válida com certeza. São fatos muitas vezes rotineiros, que contados de forma atraente e dinâmica, arrancam risadas, impressionam e até fazem refletir. É o que costumo trazer aqui nessa página, com publicação de ocorridos que uma vez descritos, parecem contos inventados e histórias impensáveis. É quando alguns visitantes leem e se perguntam se são mesmo histórias reais. E são.

Entre os nomes da lista de Prata estão Chico Buarque, Hebe, Maitê Proença, Sônia Braga, Arnaldo Jabor, Marília Gabriela ou ainda Gabriel García Márquez (!!) e Ruth Cardoso. Apenas alguns dos nomes dessa extensa lista. Entre eles, um verbete que destaco e transcrevo aqui, envolvendo o compositor Antonio Pecci Filho, o Toquinho. Ele aparece muito engraçado, em uma situação comum de elevador, com um desfecho inusitado. Assim, Prata conta:

"Estamos nós dois no elevador do prédio dele, nos Jardins. Nós dois e um garotinho que acaba de entrar. Uns cinco anos. Mal alcançava o número seis. Apertou. Apertamos o cinco.
Ele mostrou a língua para o garoto.
O garoto mostrou a língua para ele.
Ele mostrou a língua para o garoto.
O garoto mostrou a língua para ele.
Estamos chegando no quinto. A última língua foi do garoto. Mas o Toquinho não admite perder. Nada e nunca. Na hora que saímos e a porta está quase fechada, na frestinha que sobrou, ele mostra a língua, vitorioso, e bate a porta.
Mas lá dentro, o garoto ficou na ponta do pé e, pela janelinha, numa fração de segundo, mostrou a língua.
O Toquinho fica puto e sai correndo pela escada a toda. Chega no sexto andar junto com o elevador que se abre, mostra a língua para o garoto e volta correndo.
-Ganhei, diz, ofegante e suado."

2 comentários:

Vanessa Dantas disse...

Moleque total! Delícia de história! Eu vivo provocando minha pequena sobrinha.... adooooooro! beijo.

Eli Carlos Vieira disse...

É, acho que todos carregamos sempre conosco algo dos tempos de meninice, né?!
Maravilha!
Beijo!