domingo, 22 de março de 2009

Intimista

É muito artístico e o público pode não comprar a ideia.

É assim que os possíveis distribuidores do filme "The imaginarium of Doctor Parnassus", de Terry Gilliam ("Os 12 macacos" e "Irmãos Grimm") encaram o longa, filmado em 2008, último filmado por Heath Ledger, que morreu em janeiro do mesmo ano. O filme conta a história de um mágico viajante, que oferece aos clientes muito mais do que esperam.

Os homens que buscam grandes vendagens temem por não lucrarem tanto com um possível lançamento, em se tratando de ter um filme artístico com Ledger, reconhecido este ano com Oscar de melhor ator coadjuvante por "Batman - O cavaleiro das trevas", além de já ter marcado também em "O Segredo de Brokeback Mountain" (indicado a melhor ator, em 2006).

Ledger morreu sem finalizar as gravações, que tiveram de ser continuadas por Johnny Depp, Colin Farrell e Jude Law - o que, segundo os envolvidos, não foi um problema, pois o personagem vive diferentes fases, que podem ser interpretadas por diferentes atores.

E é nesse medo, que o projeto não tem data para lançamento.

Não seria subestimar demais o público, ao julgar de forma prévia a aceitação da obra? O filme de arte costuma ser considerado por muitos como sinônimo para algo um pouco acima do compreensível, do "digerível", ou complexo - chamado pelos críticos de intimista! Mas não pode ser encarado como sinônimo para algo ruim, de baixa qualidade e que não mereça ser comercializado.

É uma decepção se deparar com esse pensamento de empresas acostumadas a lançar mega filmes barulhentos, com excesso de efeitos artificiais...

É uma decepção ver esse medo sobre o que os admiradores de Ledger pensarão de um trabalho um pouco diferente de filmagens "teens" feitas anteriores. O que seria de grandes títulos que dificilmente chegam às salas de shoppings e cinemas populares, se pensassem sempre em quantos milhões irão lucrar?

3 comentários:

Andrea Nestrea disse...

vc tem toda razão, eli!
eu adoraria ver esse filme!
bjs

Arnaldo Heredia Gomes disse...

Eli,

A indústria do cinema é uma das mais importantes da economia americana. Ela já teve sua importância estratégica como ferramenta política na época da guerra fria e hoje, não é nada além de Bussiness. É claro que há preocupações artísticas e estéticas, principalmente por parte de diretores, atores, etc, mas do ponto de vista dos produtores executivos, qualquer filme produzido nos Estados Unidos, sobretudo os de Hollywood, a única coisa que importa é o quanto o filme vai render, quanto lucro vais dar. Essa preocupação é a mesma que qualquer empresário, de qualquer ramo de negócios, tem quando investem seu dinheiro. Estão investindo em cinema como se estivessem investindo numa fábrica de tijolos ou numa rede de supermercados. Por isso, nas cidades, proliferam os cinemões com os grandes sucessos e os filmes de arte ficam restritos a pequenas salas em São Paulo ou Rio de Janeiro, ou então, aos cine clubes, que sobrevivem, ninguém sabe como.

É triste, mas é assim que funciona.

Eli Carlos Vieira disse...

Dinheiro, dinheiro! É de se esperar mesmo, Arnaldo! E não adiantaria colocar em salas comerciais e ser um fracasso de bilheteria, né?
Ainda bem que temos salas menores, mas que não deixam de exibir os melhores títulos, que nem sempre estão entre os mais vendidos!

Esperemos, Andréa, pela chegada dele aqui!

Beijos