segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Velho

Em casa, passou a vida na amargura.
Fora dela, típico na época, viveu de amantes em todo canto que trabalhava.
Bebeu e gastou.
Tratou a mulher, as filhas como se tratassem de propriedades suas.
Privando-as, desmerecendo-as, controlando-as. Não amando.

Deixou de participar de muitos momentos importantes.
Em outros, o fez de forma indesejável, com desdém e de mau gosto.
Melhor que não tivesse ido.

Certa vez, em momento mais ameno da vida,
Mais por força da dependência que a idade vai trazendo,
E por conta da independência daqueles que não precisam mais de suas asas,
Menos do que por vontade,
Ajustou um terno dado pela filha,
Seria usado no casamento de uma das caçulas, ainda naquele mês.

Porém, a destinação da vestimenta foi outra.
O deixou mais digno, em meio ao aroma floral
Que o envolveu no caminho da cova, seu destino mortal,
Sete dias antes do matrimônio ao qual não participaria.

2 comentários:

D disse...

reflexão indeed! very subtle allegory.

Eli Carlos Vieira disse...

Ideed!
You know, stories like these are in all part!
Alvida, Di