segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Loucura

Desde que eu era pequeno,
Pequeno mesmo,
Ouço meu pai falar sobre algo simples,
Toda vez que brigava com a minha mãe.
O que ele dizia, naquela idade, me deixava impressionado.
E até, por vezes, com medo.
Soava como uma profecia, algo assim.

“Nossa cabeça, nossa mente sadia, é como um filtro,
Que tem sempre uma vela dentro dele a gotejar.
Paciente, sábia e na medida.
Quando enchemos demais o filtro de água,
A vela não dá conta de filtrar,
E o filtro todo transborda.

Assim é com a cabeça.
Se não controlamos nossos pensamentos,
E passamos a encher a cabeça dos piores sentimentos negativos,
Dados por terceiros,
Ela se enche, transborda e perde o controle."

E assim foi.
Minha mãe não soube poupar o filtro que tinha.
Encheu-o até não poder mais reverter a situação.
Criou toda uma história sobre ciúmes. Perdeu a cabeça.
Perdeu o casamento, seus filhos e a si mesma.
No ápice do descontrole de sua vida, perdeu-a.

Ganhou, ao fim, a paz para a mente intranquila.
Para sempre.

5 comentários:

Anônimo disse...

poxa.......
isso me lembrou o 'caso do vestido' do drummond...
bj

Eli Carlos Vieira disse...

"O vestido, nesse prego,
está morto, sossegado."

Sim, Andrea.
Tão complexo como este caso!

Beijo

Vanessa Dantas disse...

Uau! Que triste! Arrepiei inteira!

Unknown disse...

O prazer nos livra da loucura.

Eli Carlos Vieira disse...

J,
Enigmático....

Abraço