sexta-feira, 3 de abril de 2009

Coletiva

O governador visita Santos.
É o 53º Congresso Estadual dos Municípios.
Dia de coletiva, na certa.
Uma guerra!
É onde o mais experiente ou o iniciante estagiário jornalista se torna um animal.
Voraz, na busca de uma resposta (ao menos o direito de uma pergunta).
O ângulo perfeito, a sonora clara.
Um espaço, ao menos.
"Governadoooor", berra a menina da TV.
"Governador!", também grita outro profissional.
"Calma gente, olha a minha cabeça aqui!!", berra um entrevistador, na cara do José Serra e atrapalha a gravação dos demais.
"Bem, o projeto prevê um túnel ou uma ponte para ligar Santos a Guarujá e tem previ...", inicia o entrevistado, ainda paciente, mas não simpático.
"Geeente, olha o meu cabo aqui!", alerta o repórter cinematográfico, no meio, interrompendo a sonora do governador, que não faz nada para contribuir com os questionadores.
É a lei da sobrevivência.
É gente grudada em gente, literalmente, amasso profissional, sem preconceito e sem nojo do suor ou calor do(a) colega.
Mão no ombro do da frente. Câmera esbarra e bate na cabeça.
"Repete a pergunta que ele não gravou."
"Silêncio que a minha sonora é para rádio."
"Eu vou cutucar neguinho aqui."
Nem um milímetro de espaço a mais. A tensão é coletiva.
Seja para o da mídia escrita, que tem que transcrever o que está no gravador.
Seja para o da TV, que terá de escolher a melhor cena em meio ao empurra-empurra.
No fim, ele sai, sem nem anunciar e as perguntas não cessam.
"Governador....

...ele foi embora."

Fotos: Richard Aldrin

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