terça-feira, 23 de junho de 2009

Desejo de ser traído

O homem chega em casa,
Na residência que não mora mais.
(Decidira que assim seria,
Desde que passara a ter desentendimentos com a esposa.)

Entra, percebe um barulho estranho, vindo do banheiro.
Como se houvesse alguém além da mulher em casa.
E havia mesmo.

Um rapaz de quase de 30,
Vinte anos a menos do que ele,
Cantava no box, acompanhando o som alto da sala.
Tomava banho sossegado,
Usando o xampu dele, o sabonete dele.
E provavelmente até sua toalha.

Surpreendido, o rapaz sentiu-se confuso.
(Escondia a nudez? Começaria a defesa?...)
O homem que acabara de chegar também estava confuso.
Este seguiu os rastros ali deixados.

Uma embalagem rasgada de camisinha,
O preservativo utilizado e flácido mais adiante,
Seguido da cueca,
Da calça e, por fim,
A cama.

Mas deitada não estava a esposa.
Ele não fora traído.
(Assim que essa constatação da não traição veio,
Desejou que esta tivesse ocorrido de fato.)
Era a filha,
De quinze anos.
Que tinha aquele cara como ficante já há um mês.
“Sem essa de idade, né pai?”

Em resposta, o pai pegou as roupas do ficante,
E chamou a polícia.

8 comentários:

Jairo Borges disse...

Nossa! Redirecionaou a raiva legal hein! hauahauha Abçs!

Vanessa Dantas disse...

Gostei do final. Não poderia imaginar algo assim... Beijo.

Ives Nelson disse...

Surpreendente! Finais inesperado são o que há! Valeu Eli! Muito boa!

Eli Carlos Vieira disse...

Pois é, Jairo, Vanessa e Ives!
Final inesperado, principalmente para esse pai, que reagiu como tal, ao ver o que de fato aconteceu (o que para a filha não era nada além do que algo normal).

Fernando Ramos disse...

Olá, Eli!

Encontrei seu blogue lá pelos comentários do MCP.

Só li este primeiro conto e gostei muito! Para um pai ciumento é melhor a morte a ver a filha de quinze anos (desgramada) com o ficante! Uma traição então, é nada. Hehehe.

Abraços, cara!

Eli Carlos Vieira disse...

Disse tudo, Fernando! São aquelas coisas que dizem por ae: "somente quando você tiver filhos saberá"...

Valeu pela passagem, abração!

nora disse...

Eu já achei td isso muito doido. mesmo que fosse traído, pensar em matar, por isso?
Que tal uma conversa, e enfim, um fim para o relacionamento, sei lá.
O mundo ta é machista demais, há muito tempo!!!
bjs

Eli Carlos Vieira disse...

Sim, Nora, o machismo que (sempre) impera!
Pois é, realções adversas...tudo depende da pessoa. Não que ações X ou Y se justifiquem, mas cada um reage diferente a esse tipo de "ataque" a um ente próximo.

Beijão!