segunda-feira, 1 de junho de 2009

Quase assalto

Foi sentar-se na praça em frente à praia,
Precisava demais dar uma respirada de seus problemas, consigo mesma.
No banquinho escolhido, dois rapazes chegaram.
Para ela, era assalto na certa.

Ela começa a rir, mas não era de nervoso ainda.
Um dos rapazes fica bravo,
“Tá olhando o quê?”
"Estou olhando você", disse a menina que conseguira segurar o riso.
"A gente veio aqui pra te roubar", disse ele.
"Tudo bem", disse ela em resposta, nunca deixando de olhar para ele.

A cena muda.
Eles começam a lançar perguntas,
E a moça, passa a chorar.
Eles explicam que colocariam uma arma na cabeça dela,
E pediriam o celular, mas haviam desistido disso.
“Porque você olhou pra gente.
Ninguém nunca olhou pra gente.”

Mais choro dela, agora de medo.
Na conversa travada,
Um deles tinha 21 anos (mais de dois deles na cadeia).
O outro, nada revelou.

A essa altura, os assaltantes se preocupavam:
“Quer que a gente te leve em casa?”
Recusada a oferta, a garota quis saber porque eles assaltam.
“Porque a tentação a grande e o dinheiro é pouco.”

A menina é engajada em projetos com comunidades e bairros,
Além de ser defensora do meio ambiente.
Chegou até a pedir contatos dos jovens,
Mas por fim, deu seu endereço de e-mail.

Ela acredita que um olhar foi o fundamental.
Não somente para que impedisse de ter pertences levados,
Mas para mudar o dia daqueles dois,
Que sempre marginais,
Nunca sentiram-se como seres existentes.

Quando olhados, sentiram-se diferentes,
E esqueceram-se até da tentação que tinham,
Em assaltar, roubar. Crime.

14 comentários:

Vanessa Dantas disse...

Passei por algo parecido. Olhei nos olhos, estava calma e propus conversa. Não teve jeito, quase dancei de vez...

Beijo.

Eli Carlos Vieira disse...

Que pena, Vanessa!
Nessas horas é muito complicado tentar planejar algo, pois muitas vezes o bandido é tão amador que pode agir por impulso, e nessa, pode sair um tipo ou um golpe perigoso à vítima.

Beijo!

Mariana Felippe disse...

Oi, Eli! Sou a menina da história hehe Muito obrigada pela poesia!

Um abraço,

Mariana

Eli Carlos Vieira disse...

Opa, Mariana!
Pois é, a Carol me mandou e eu não tive como não colocá-la aqui!
São daquelas coisas que você não acredita que aconteceu de fato!

Obrigado pela visita!

Carol Binato disse...

Este é o interessante dos blogs. Postar histórias inusitadas com a da nossa amiga Mariana e possibilitar este elo, este conhecimento sobre outras pessos e fatos que, muitas vezes, acreditamos não ser reais.

Parabéns Eli! E Mari, seria bom se todos os "meninos" como estes se comovecem com apenas Um Olhar!

Eli Carlos Vieira disse...

É vero, Carol, exercitar o conto é muito bom!
Coisas tão simples como ser notado, faz sim, falta para muitos por aí! É existir.

Beijão!

Jairo Borges disse...

POis é neaH! Alguns conseguem escapar!
=P

Eli Carlos Vieira disse...

Conseguem sim, Jairo!
Eu já fui semi-assaltado: eles levaram meu dinheiro, mas ao virem o celular pré-histórico que eu tinha, me devolveram.

Abração!

Ives Nelson disse...

Também já consegui escapar:

Uma vez tinha brigado com minha mãe, sai de casa batendo a porta, levando como único pertence a chave. Fui sentar numa praça uns 8 quarteirões distantes do meu apt. Eram umas 11 da noite. Fiquei sentando por durante uma hora, ou algo parecido. Já tava quase me levantando pra ir embora, um rapaz (1 metro mais alto, e uns 40 quilos mais forte que eu, no mínimo) sentou rapidamente do meu lado, encostou em mim, e posicionou de forma desconfortante um canivete no meu abdômen. Disse para que lhe passasse tudo que tinha, muito nervoso respondi dizendo havia brigado com minha mãe, e tinha saído de casa muito puto, e possuia a pena a chave. Ele retrucou dizendo "Família é uma merda mesmo! Também briguei com a minha sogra hoje!". Quando dei por mim estavamos conversando descontraídamente sobre nossas família. Ficamos no papo por uns 45 minutos. Aí ele disse "Melhor ires embora cara. Tá tarde! Toma! (ele me deu um real) Vai de ônibus por que tem muito ladrão nessa área!" Voltei pra casa, ainda incrédulo.

Resultado final: até hoje (quase oito anos depois) sempre encontro com ele por perto de casa, e ele sempre me cumprimenta!

Eli Carlos Vieira disse...

Ives!!!
Essa história simplesmente superou!
Inacreditável. Isso porque aqui tem umas histórias doidas (que só acreditei por ter ouvido direto dos autores).
O cara foi assaltar e, por fim, ainda te dá um real, para não ser assaltado de fato?!?! Raro!

Realmente é coisa do humano. Falar com alguém, desabafar, se ver refletido no outro – o famoso “isso acontece com todo mundo.”

Abração e obrigado pela visita, cara!

Ives Nelson disse...

Pois bem Eli... o ser humano é por demais complexo para ser descrito em um genoma de apenas 25 mil genes! A base das relações é a reciprocidade! É difícil aceitar, mas é a dura verdade!

E EU? Eu ainda tenho a prerrogativa de dizer que sai de um assalto com mais dinheiro do que tinha antes. Realmente, raro! Um Royal Straight Flush (se me permite a comparação um tanto quanto Nerd). hehehehe

PS.: Já me tornei leitor do Blog!

Abração!!!

Eli Carlos Vieira disse...

Obrigado, mais uma vez, Ives, pela visita e colaboração em comentários!
Fatos raros...essas são as consequências de se estar vivo, né?!

Abração, cara!

Vanessa Dantas disse...

Eli, a história do Ives é realmente boa, mas não sei se numa próxima tentaria novamente a conversa... E que a próxima não venha! Beijo.

Eli Carlos Vieira disse...

Nem fale, Vanessa. Nessas horas você fica sem reação!

Beijo, bom fim de semana!